Quando nasceu receber o nome Dasanas. Das Dores e Ana
era o nome das avós. Chegou ao mundo, tão miúda e enrugada, berrando aos quatro
cantos do quarto, feito de tapa e tapera, que não queria nascer naquele telhado
em frente ao rio, pois os rios sempre tem mais de duas margens. Que preferia o
mar com sua (i)mansidão ou o açude feito de água doce e barrenta. Do leite, não
gostou, tampouco do caldo de feijão. Gostava era de banana diluída, molinha,
quase machucada. Talvez fosse a herança de Das Dores. Talvez fosse a herança de
Ana, cuja fruta já inscrevia um o-caso. Nasceu, disseram, como um milagre, numa
casa de muitos varões. Mas já nasceu sob o signo da morte, pois caso não
tivesse emergido naquela hora, naquele dia, naquele minuto, talvez a sua
progenitora não tivesse sobrevivido. Estranho, muito estranho, pois ela era boa
de nascedura. O caso era que Dasanas nunca gostou da ideia de parto, partida,
parteira, queria era mesmo era estar parada, pois dos p(s) que aprendeu a
gostar de ouvir e viver na vida era o p de puta. E assim ela o fez, foi ser p
da vida.
Quando moça ainda conheceu Pablo, moço do bigode
fino, da fala macia, da tez dourada, do corpo torneado, dizendo, filha, sai
dessa vida, eu quero te ter, te envolver e seduzir, como na música da Marina.
No p que estava, acreditou nas falas das ou-vidas e foi. Não demorou muito,
voltou a ser p. Aquilo não era vida. Vida e morte, dores e rezas, Dasanas foi
ficando cansada, trincada, Pois se fossemos dizer sem meias Palavras, alquebrada.
Oh, vida. Toda noite, se esvaia um Pouquinho. Contudo, Das Anas não estava
sozinha, dessa vida que se vai, sendo marinada na morte, eram muitas as Anas. P
que p. Como ela, muitas dançaram p(s) que eram, em meia luz, “é tão difícil olhar
o mundo e ver o que ainda existe”. Dasanas morreu, vítima de Covid, uma p
doença, num País p desorganizado. Enquanto a música continuava na velha jukebox, “Eu acho que você nem se
lembra mais”. Só você, feita de dores e bananas. P q P.