Emerge
um sussurro, como se fosse um zumbido, por trás dos morros, daqueles que nem
cabe ao mar escutar. As claritudes do branco
do riachinho, das lagoas, dos dias que me foram prometidos, eram rã, eram lama.
Tudo era alegoria dos que me prometeram as imagens do infinito, quando tudo era
precipício. Lá não tinha água, não tinha a vista, não tinha flor, era deserto
puro, que exigia de todos os chapéus necessários para se protegerem do sol.
- Vem o
coro e diz – Você será feliz, profetizou.
Esperei
pela grama que plantei durante 200 anos. Ela não enverdou. Não ramou, não falou
línguas outras, empacou igual um carro sem forca, quiçá, força, para subir uma
ladeira. E, eu, apenas ali, na imensidão do que pode tudo, achei que estava
montando o mundo em mim, todo aguado, dizendo quase assim, serei feliz.
- Vem o coro
e diz: como arar um deserto?
Com
um soneto, ela pensou.
- Vem o
coro e diz: rsss e kkkkkk
Das
risadas escutadas, sem dizer adeus a tanta aridez, fez belas imagens e memórias
enevoadas de tudo que acontecera. A medida já não era do gramado, era a de
ontem e a de hoje.
- Vem o
coro e diz: mais uma escrita de si?
Não,
respondeu ela, é sobre meu jardim, cuja cadência toda absoluta, eram garras de
luto, de cólera, dedor, sem espaçamento nenhum, são muitas pedras no jardim e
nem sou um maldito Drummond.
- Vem o
coro e diz: que heresia...
Ela
até tentou sorrir e na tonteria sentiu seu coração miúdo, moído, molestado,
cansado, quase parado.
- Vem o
coro e diz: sabedoria sem paralisia.
Ouviu
e pensou, que coro fudido é esse, que fica a martelar, tentando colher flor,
quando eu só queria uma grama verdejante?
- Vem o
coro e diz: Das dores, você não nos serve mais, com uma exclamação.
Ele
pensou, que porra de sonho estranho, enquanto alongava seu pescoço. Apenas desejando, cá consigo, a precisão de travesseiros novos. Ainda é madrugada e amanhã tenho muito o que
fazer. E, assim, fui lá de novo engolir minhas 13 gotas de Dramin, como a dizer,
ainda tem, 200 minutos e assim serei feliz.
- Vem o
coro e diz: hahahha...como se fosse um rasgo.
Foda-se,
pensou ele, continuando a escovar seus dentes, os que ainda lhe restavam, nem
de música gosto. Quando chegou no trabalho, era o aniversário do seu chefe, o
som estrondava, pois alugaram um karaokê, um depois do outro, afogueados
grunhiram, não nos abandone, cante junto disse aquela cidadela, quando me fiz
coro, rapidamente lembrando do meu sonho e que de todos que ali se presentificaram,
era eu que menos ganhava ou que menos era ouvido. Fiz coro sem vocalizar. E assim,
permaneci, sem dedor nenhum.
- Vem o
coro e diz: Nunca se iluda. Muitas vezes a safira é apenas uma esmeralda que,
sem os 200 minutos da razão que você planta, é um cinza qualquer.
Que
merda, esse coro ainda existe, mesmo que já esteja a-cor-da-do.